domingo, 31 de janeiro de 2016

Festericência de Arlequinagens(Soneto, nº 169. Para a querida Carolina Turboli, e à Memória de Vincent Van Gogh)

Cachaça velha todo mundo tem uma  -
já dizia a pedra, no meio do caminho
entre o folhéu de Taioba e o copim
do buteco, passando pela caneca de flandres:

a Minha é escrever sonetos, chancelarados
pelo anelão do cardeal São Mármaro,
em cerimônia onde Arthur Bispo do Rosário
e Geraldão Viramundo serviram de coroinhas.

Deliro os meus sonetos ingleses
como Van Gogh escrevia nos varais do mundo
seus japeris-Girassóis: quizombeio Mesmo
o delirê da pedra-Mor de Itabira_______

cachaça velha, Malunga, carambolando 
festericência nos capraus da Infância.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Nublúrimo(Soneto, nº 168. Desentranhado a partir de original de Catarina Rosa Muirin. Dedicado a Catarina Rosa Muirin, e pra Gabriela)

Me diz: quem dos teus rostos que parte aos Mares,
agora que morte espera para ter minhas mãos  -
o rosto obeso em distâncias mais Desmentidas
e virgens sem olhos dançando à cabeceira da cama?

O vidro do coração partiu-se em górdias falenas
e tu'alma andou três círculos Atados
a boqueirões onde morríamos continuamente
e todas as vezes era Contigo, lonjura andária

plena de pássaros sedentos de águas
que nunca Fui(o bardo troncho que inda serei
agora cabe nos sete mares como uma vela
imprescindível aos galeões nas Tormentas)______

me diz: QUEM dos teus rostos que afinal parte,
vergado ancilho ao Peso de tantas Águas?

domingo, 24 de janeiro de 2016

Soneto dele São Mármaro(nº 167. Pro Guilherme Gonçalves)

São Jão Batista descadeirado de corpo
inda profere homilias
em cima da bandeja de prata:
céus e a terra Fumburam, dando-se os pés.

Por isso este poema, alheio a clâmides,
sinédrios e mais comícios no Anhangabaú.
Por isso a Luz bate na porta dos olhos
de todos esses fósseis que destrambelham

unânimes no rumo torto dos Quintos,
clamando a todos que ainda têm maçanetas
que abram prestos o portorão de suas almas,
pra Ele  -  o Cristo das gentes  -  armar Fuzarca______

brandindo espada e voz de sete Leões,
enquanto a morte vai parar no Estinfálio.

Descanto do rei Bozó(Soneto, nº 166. À memória de Mário de Andrade, com o pensamento em seu poema "Canto do mal de amor".Pra Emanuela Helena)

Ingés-tremoços de novecentas manhãs
engorduradas por sulfurosas Mortálias
são todo o palavrório escabeche que arrancareis
de meus dentes, empós o quase Naufrágio

testemunhado por frentistas em Botafogo,
quando alta a madrugada andava
e inda mais alto de calibrinas
eu viramundo me Desencontrava,

a carne triste de não ter Quentuço
no quarto Inútil que hoje mal carangueja
um valhacouto desesperançado
não mais dorsal tatuado em Porvires______

furando os ares Desvejo hímens:
em calmarias faz-se a colheita do Sal.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Estudo Novo(Soneto, nº 165. Para Ana Carolina Assis)

Todo esse mar que não mais Encontro
quando Me busco no espelho:
marchecas dos carnavais bororós
e que não voltam mais Nunca.

É tudo escuro os bronzes que inda vestimos,
sem madagásquio e sem Véus,
nós generais da meia-noite
andando pela Serra do Mar_______

e descaindo em condições Lamentáveis
pela janela do oitavo andar
até lá embaixo nas fuças da Tonelero,
perdendo Todas as impressões digitais______

agora somos cinquenta velhas saindo no tapa
por causa de um olho um dente e Betoneiros Sízifos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cantarolês(Soneto, nº 164. Pra Danielle Ronald de Carvalho)

Sobre esta pedra assentado contemplo
os Longes do mar, seus muros  -
folhas azuis num bamboleio lunário
desque foi-Tempo e os Três dançavam juntos

um kyrie pela futura Memória.
É dia, mas nuvens brincam de guardar o sol 
e eu penso Amarildos que não verão Sepultura,
enquanto árvores se vestem de luto.

Repasso as horas e a poesia em pânico:
uns quês de Quentuço me chegam mornos
dos teus altares, onde iberês cantarolam
todo o Encantário dos teus olhos de-Noite______

daronde a mesa do Hóspede
abraça os pássaros e o fim do Mundo.

Rodopio(Soneto, nº 163. Pra Gabriela)

Barrança(!)
de erês-Cutuba plurigigantes, pernaltas:
visagens
do catalão Birutê_______

manzanzam aqui pelo quarto,
sobem paredes, decretam vaga
a presidência da república: joelhos
viram geolhos, ali no Duro!

No valerão de Ouro Preto
rasteja o vulto do gênio:
Aleijadinho, nome Certíssimo
pra no Futuro julgar os vivos e os mortos______

barrança  -  eu disse no início  -  de erês-Cutuba
daqueeeele catalão Birutê.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Loukório(Soneto, nº 162. Ebó Porciúnculo nº 2, pra três trombones trompa e fagote. Pro Sergio Cohn, e pro Marcelo Reis de Mello)

Pra Unidão deste poema
ele vai durante a febre,
ele se mescla e se amealha,
e por vezes Catifundo se devassa______

mas seja Tudo pelo amor de Deus!!
O céu tão cheio de urubus à tarde
passeia a bunda gris sobre o jardim,
onde heras murtas e açucenas parlam:

- pedraças, saibros e argamassas Muitas
agora mandam na cabeça humana
e nos sovacos, testas, horizontes de Ontem
e de infâncias em catiras mais Escuras______

Ai! Galeras afundadas, bordaduras de Aços
(nem morrer direito se consegue mais!)!

Sonetilhança Tamanha(Soneto, nº 161. Ebó Porciúnculo nº 1, para três trombones, trompa e fagote. Pro Sergio Cohn, e pro Marcelo Reis de Mello)

Nessa Tamanha ver perovazdecaminha  -
de tez descalça e Medonha  -
e com todos os cinturões
postos do Avesso

é que apareço em vertigens
e cruzes-Maltas Roncolhas
de serraduras e erínias
de que ela vida Adornou-se______

são vacarezas Sepúlcrinas,
emires Rotos de amálgamas
em cores mores Infantes,
pelo contrário, um Dislate:

escadescente, Maiúsculo,
des-tremembé Sete Palmos!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Sonetim de Acordar(nº 160. Pra Danielle Ronald de Carvalho)

Tons de rubro anti-escalam a copa das árvores.
Alguém sopra as últimas estrelas.
Mais uma vez se adia o retorno do Cristo,
os Três vestem de Azul a manhã.

Pássaros sacodem ganzás
enquanto assobiam oboés. Pelo teu quarto
estátuas de pano bocejam, à espera
da luz dos teus olhos Negros.

Ao longe o mar se Esprameia
em trinta línguas do P
(enquanto sonhas com pés de vento e sacis):
demônios verdes caem duros, transfeitos em pedra______

nesta manhã reencontrarei os teus braços,
onde homem e mulher são UM.

Soneto Malungo(nº 159. Pra Danielle Ronald de Carvalho)

Era uma vez mundéu Grande, 
nascido às primas horas do Tempo,
pela boca dos Três. Houve tarde e manhã,
céu inteiro pra nuvens

andarem de bicicleta, e brincarem  -
se muito gordas de chuva  -
de orquestrarão de trombones. O velho Ferges matuta,
apascentando um rebanho de tubas.

Primeiros jardins banzavam dálias gigantes
sobre teu corpo adormecido.
Espelhos de larguíssimas águas formaram rostos,
todos com teus olhos negros de-Noite______

ó cintilação dele Hóspede
que brota pra julgar vivos e mortos!

Perégrinum(Versão soneto, nº 158. Para a amiga Gabriela Carvalhal)

Sob as portadas Imensas da grande catedral
me detenho, os sete Rostos armados
da mais sinceríssima Penitência. Eternidade me chama:
qualquer parede ali bafeja murtas de Séculos.

A praça da cidade é a mesma
de antes do tempo das Cruzadas, quando leões e cordeiros
desceram cataprúnzios a europa, todos querentes
dum embate com o dragão da maldade.

Mas hoje o tempo anda nublado e Vênteo,
os aldeões farejam em Mim cavernanças e
mais açoites Maduros, olhos de outono Pleno
em Várzeas que vida-Mara* plantou______

altares de xique-xiques, zabelês-Chorares
planaltos descarrilhados de Infâncias...
(*Mara: palavra hebraica, significa "amargura")

domingo, 10 de janeiro de 2016

Soneto Reminiscente(nº 157. À memória de Manuel Bandeira, com uma pitada de Mário de Andrade. Para Fatine Oliveira, e pra Gabriela)

"Je vois des anges!" - Exclama o coronel,
transportado, rolando escadaria abaixo mesmo
no meio do concerto de Schumann.
Um telefone atravessando a noitêra

engole as flores de Januário,
os bem-te-vis da Lindaura,
o concretismo dos Campos: deixando chocho o maxixe
do ilustre cabo Machado,

indo por Fim das nos merdéus da Lagoa:
quase atravanca o mergulho
do carumbé João Gostoso(depois que ele veio
lá do bar vinte de novembro)_______

foi bem assim Cataplum!,
bateu no fundo e Cabou.

Sobre mares, ventanças...(Versão soneto, nº 156. Pro Luis Turiba)

O mar natural da vida
é fogo: qualquer coisa meeenos
o lago do cisne branco
em noite de Luarada,

ele pulula de mussuês e más pandorgas
Ruins, feito pipoca ululante que mãe fazia
nos sabadários à tarde, tempo em que a gente achava
mundéu 'cabando no quintal de casa.

O mar da vida é que nem
desembestê de potro chucro no pasto
e outros miguilins do Capeta que vida Madrasta
às vezes faz a gente engolir______

onde trombones no céu são mequetrefes dragões
senhoras e senhores pondo os olhos grandes em Nós.



Erês de Exílio(Soneto, nº 155. Dedicado a: Emanuela Helena, Augusto Guimaraens Cavalcanti. E para Gabriela)

Entonces erês de Exílio, leito de mar
pluriencharcado em Poeira: são meus torés,
abacateiro Estrompado nos carnegões
dela Vida  - mara* mais Tantra...

Porto de Sagres que fui, hoje tropeço
ingés de Quase setembros, coretos Murchos
e mais Inás  -  distantes de mim, sem réstias
de sol nas laterais janelas...

EU: sem olhos num léu de gáveas Extintas,
outonescências de tempo-Foi e tantos,
tantos pássaros que vi morrer nos dentes
maus dele Exílio, mar Pretérito______

a torre de marfim fez-se Esqueleto,
o oceano apodreceu no próprio Leito.

(*Mara: palavra hebraica, significa "amargura")

sábado, 9 de janeiro de 2016

Nascimento da Poesia(Versão soneto, nº 154. Para Fabiana Conceição. E pro cabrunco Medeiros Claudio)

Mundo mal despertando
do sono da Nulitude.
Pianos recém-nascidos
andavam atrás de suas mães

nas primeiras planícies. O homem
era um jardim de estátuas de pedra.
A Virgem desceu do céu
trazendo as primeiras estrelas,

flor dos Tempos se Abriu.
Do grande tacho dos deuses vieram
vinte e seis brasas na mão dum tal Prometeu,
que pôs Incêndio nas bocarras graníticas_____

houve tarde e manhã nos olhos do Homem
abertos para o exercício do Mundo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Monstrurograma Samarco(Soneto, nº 153. Para a amiga Ana Lívia)

Manhã. Sol medroso aparece.
Uns capetões samarquícios descem ladeira_____
foi bruzundêra, foi Coisa, foi boi da cara
mais Preta a mancharar a terra d'Alphonsus.

Num tem tresande em choréus
nem bosterices de vela nas cabeceiras,
sol medroso aparece e nos ombros de Mariana
as procissões são desnovelos Inúteis:

que os homens-Cornos  - políticos Anti-malungos -
dinamitaram árvores de meus cantares,
fungurulhando contumazes monstrices
pra ver corar um frade de pedra______

samarcomonstrurograma que a gente engole
e nunca mais se acaba de Morrer.

(Imagem: Salvador Dalí  -  "O ovo da Cascavel")