terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Apophiose(Valsêlha-choro em nove por dezesseis. Versão soneto, n. 215. Para Mariana Guimaraens)

Sonhão de íris morto a nove brasas:
mastrélas Roxas sob um mar de outono 
fuzuério e Corno - as sentinelas 
respiravam braças dum só mar

Antanho, e no entanto vãos:
trezentos e cinquenta postes onde a cabeça do rei
de Copas - os meus sentidos enxergaravam 
lunários, o conselho dos Centaurízios

pôs nove espelhos pelos jardins para arrepanho
dos Poentes, escala em Campos de Carvalho,
todas as bulgárias Possíveis, morabelês Uncarnados
e a última Ilusão foi grão-Partir os espelhos_______

mastrélas Rotas sob um mar d'Outono
morrerencendo pelas janelas da Tarde.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Soneto, n. 214(Brasilzím Marfanhádu. Pro Ullisses Areias, e para Melissa Cathaldo)

A noite encalhou com um carregamento de
estrelas: dos horifontes da linha vermelha 
xangôs gritando "anauê!" tomaram a avenida,
tiraram roupas e a pele, e no céu por cima

passou vuâno uma manada de antílopes.
Mestre grilo cansado faz píxi-píxi
e se recusa a dar um solo de flauta 
nos corredores da mayrink veiga, Francisco Alves

ficou banzado, e na mão:
vou me estirando nos paturás
onde cem caules gorduchos brincam de correr
na lama, e inda anteontem morrereu Curió_________

achêga meu Pai do Mato! Meu sumo verde é sem Rumo
(esses pulíticu matando a prestações a Pátria!!!!!).

domingo, 4 de dezembro de 2016

Soneto, n. 213(Epifania de São Mármaro, pregando às pacas. Para Luciana Moraes e Gabriela Saraiva)

E espírito acende nos últimos dias
vagalurumes Gigantes nos corações,
inverso das lacrimosas, verdíssimas portas
abertas pras lampadosas do Encanto__________

Deus que modulou dela Essência
pra nos levar  -  a jagunçada toda  -
dos muros pradentro de Jerusalém,
onde Jão Grilo é o porteiro uniformizado

com asas novas em Folha. A Virgem
mandou três anjos pra Congonhas do Campo,
pegar de vórta os doze profetas
que alumbrarão o jardináceo dos Santos_________

enquanto isso lá Embaixo o Cramulha
vai deglutindo com ácido os Cesários do mundo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Soneto, n. 212(Desentranhado a partir de original de Catarina Rosa Muirin. Pra Gabriela Saraiva)

Me assento à beira do Estinfálio, e choro:
aves de bronze brotaram todas de Novo,
e todos os hércules do planeta
são estátuas adormecidas em Pedra_______

mas assim mesmo deuses sorriem
quando nos dão os nomes daquilo tudo
que Mataremos depois, até que não se distingua
a luz outrora Nua nas almas,

carapanãs que não mais Reflorescem
depois que os homens demoliram pontes
que davam nos jardins do Hóspede: corpos 
abandonados ao cio das Noites________

e Choro, já não há Quase cidades
onde o exílio ainda seja Possível.

domingo, 20 de novembro de 2016

Soneto, n. 211(Desentranhado a partir de original de Catarina Rosa Muirin. Pra Gabriela Saraiva)

Adormeço com o teu nome que me abrevia
os olhos, monstro a desfraldarar horizontes
e a ferir os séculos sem estadia, corpo
num clamoror de cem lâminas.

Teu nome se afoga na Consuêra dos barcos,
cujas velas vão serpentárias no espaldo de reperguntas
sobre de que Oceano viemos, como crianças  à flor
dum Sopro e tudo é foz de nascituras Falenas,

e de cidades onde as rosas são verdes como os
espelhos, e é por debaixo delas
que sinto pulsar as águas que viram
homem e tubarão se tornarem UM_________

e durmo com teu nome sobre porões,
precipícios onde os deuses Madornam.

domingo, 30 de outubro de 2016

Ebó Chororoso(versão soneto, n. 210. Pra Luciana)

Num tronho de sabá Cinzilante
me assento sobre seis rodas todo profeta,
e arrisco pro vulgaréu ar assim mei' chapado
de quem faz Muito convive com os loucos

e os poetas, que pelas grandes naves
dão-se os Pés_______ impaspacado
com o biribó dos minino
sentados na esquina da nuvem, mesmo sabendo

que o Crato é longe Trislonge
do bom zizús de ver-Praga, e me colóquio
todo Choringas ali nos entroncos
da dias da cruz com 24 de maio_________

prêsses minino qualquer de-Pão
mais dia menos dia se transforma em pedra. 

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Soneto, n. 209

Iscrêvo como se cochambrasse dez jongos
num mundo de muralhões descascados:
sombrura insiste num cio e a gente chega
com porraaaaaada nais venta

dela, que assim Virge Santa nos fala
desque no mundo andavam cavalos roxos
e árvores com poder Magiscente,
enquanto os hômi pastava horas

e era Tudo Istáuta nos jardins do Olimpo
à espera de Prometeu. Por isso CAUTELA
com os socó-bois de beiçôla que na verdade 
são fanchos do Capetão Crizibundo_________

nóis tamo Junto abaterendo as Tronchura
do mundo de muralhões Descascados.

domingo, 21 de agosto de 2016

Soneto Esfaceliscente(Soneto, n. 208. Escrito numa manhã chuvosa de domingo. Pra Regina Azevedo)

Escrevo este soneto Esfaceliscente
num cenário de caba-Mundo:
nuvens órfãs do sopro do Hóspede
fecham janelas, assoam o nariz com estrondo.

Trombones lâmbados 'jaculam  trompaços,
na terra os homens sacodem saias
e se escondem em sementes de guando, tendo perdido 
os cueiros acumulados.

Sonhei que dialogava com a esfinge,
recém chegada dos geriões do Mar Morto:
entre dez litros de chope contava estórias
de meus avós, templários e cangaceiros_________

mundo fabungo trôlho
teus epitáfios Maduram.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sagres(Soneto-Estudo XVI, n. 207)

E depois de Inumeráveis geografemas
transuridarem vendavares Âmbricos
adormecendo pedralhas e plantarando Confins:
há sempre um copo de mar

onde navegue um homem
por mapas-múndi reinventados Sempre,
sendo o Porvir uns ronronários felinos
inda que aparentando escamas de dragão

e seus enxófricos soprares e tormentórias
planófias de posseidons famintos por carne
e sangue  - a cantilena de Sagres
está gravada na testa com Tintamalhas________

onde mais terras houvera que se alcançasse,
Portugal - Rosto da europa - lá Chegara.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Soneto, n. 206(Escrito em 07 de agosto de 2016, aniversário do casório de meus pais)

Uns oboés em cascata
sacodem o orvalho das penas,
saracoteiam: dia-Evém
aqui no planeta-Navio.

Hoje em 1965 foi sábado em Copacabana,
meus pais casavam na igreja presbiteriana
ali na rua barata ribeiro________
centauros vieram de longe para assistir.

Cortejo de iaras-madrinhas
levou sandália e bordão para a mãe futura,
e uma canção da Violeta Parra. Por um momento
todas as fontes murmuram Vida_________

também por um dia esqueceram dos militares 
que de Brasília roubavam todos os Velocípedes.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Descalabrório zé-carioca(Soneto, n. 205. Pra Naiara Campos)

Paz e virgulências de Primavera -
era pedir demais aos santos já carregados
de gente desesperada na fila do souza aguiar,
urrando pela vida dos filhos__________

por isso desisti da Pedíncia, sabendo mesmo
que há jardins embriagados de cinzalha triste
por onde corram meus olhos, um resto é mar
de todo um povo Abandonaldo, Fudido

e mal-parado à luz do céu profundo, coisa de
nem São Mármaro tirar milagre da manga,
ou auroras que detrás dos quintais
fulgissem uns arrepanhos de Manhãs________

no Corcovado a Estátua 'rrepiou carreira,
deixou bilhete na pedra: "e CADÊ AMARILDO?????"

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Soneto Marálho(n. 204, à memória dele Mário de Sá-Carneiro. Pra Liv Lagerblad)

Um cu estrompário, Descaravelho e pimpão
fossilizou meus oceanos de jade e seus terraços
por cima, foi pedrerê muito Além 
das bandeiras anunciando Ressaca.

A tal padrasta - ela Vida - tem sido aquele
apontador do bicho assassinado por ledo engano,
quando o cherefe diz - "ih num é que ele era Inocente" -
mas nem por isso deixa a cerveja esquentar___________

sou Eu, que nem Sá-Carneiro,  vigendo cózes
de butucuns com grandes dentes Ferróceis,
todo o verde-floresta se pintalgando
em cem Marálhos Cinzudos__________

e entonces são pianês Nunca Mais
cavalgarando as Ombraturas da terra.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Soneto, n. 203

A vida pássara é Pressa,
amarfanhada em madeixas
ver madeirência pra maluco nenhum
roncar defeito que Seja________


é muitas vezes oligoceno rombudo
sopejarado de masturbices Inúteis,
cacarecências Ranhêtas e maus pentelhos
num pesadelo de recorrentes infernos.

Mas inda bem que, em meio a cus e trompaços
a gente vê na janela a recorrência
de outro dia teimando em Nascer,
com móres cores de Azulões pendurados________

quais florestárvores de Esperançálias
desmilinguindo os maus erês Iribós.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Soneto, n. 202(Pro Rafael Zacca)

Manhãnça de cobra, sem gás pra Arrimo
nos ilhós da casa.
Por isso mesmo ele céu
de tamborins sem as línguas.

Descafeíno portanto, e inda manduco
nos gelos: o churrasquinho dos fios
na vã banheira de alumínio________
morreu leiteiro pela Vigésima vez.

Difícil a mossa
de ter não-Lábios como pontarças,
e assim colóquios são Trancaduras sem
chave, rondó de erínias em Cáucasos_______

o mais é Vala posta nos ombréus d'enxofres,
céu de torvos tamborins sem as Línguas.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Cavalos - Soneto-Estudo, XV(Soneto, n. 201)

Os olhos da Mente vêem cavalos passar.
Manhã se espreguiça, levantou faz
pouco(sacode um gosto de café 
na boca sem lavar).

Eles pertencem à menina Mágica,
Que traz jabuticabas nos olhos
e mil anos de navegações 
nos oceanos do mundo. Então:

os cavalos em consequência 
são também mágicos, e são azuis
amarelos vermelhos, e têm crias
que os deuses chamarão de Arco-Íris_______

e todos os sábios Afirmarão no futuro que
a gênese foi a Menina, filha de Eva, e princesa.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Soneto-Estudo, XIV(Soneto, n. 200)

Acordo para: os Ornitórios do mundo,
depois de brutos cavalanos cinzas 
ventarem sobre a antiga Tebas
e resgatarem os minotauros restantes.

Pra adonde correm eles Tudo?
Talvez que levem mensagens às solidões 
das catedrais submersas enquanto esperam
que o Vesúvio de novo não se levante

em auricências de Enxofre. De todo modo,
quando apareço no cais vejo ao longe
horizontes de caravelas trazendo os corpos
das sete princesas que morreram_______

Mário de Sá me Relembra: a ponte
por todo o cais é de araque, e Derradeira!

Soneto-Estudo, n. XIII(Soneto, n. 199)

Mundo vasto e Roncolho,
o que pretendes Comigo?
Já conheço teu alfabeto - outrora 
tive dois pés.

Até trancei comovido
sete buquês de mulheres, inclurusive
a loura julieta, enamorada, quando eles sons
Troteavam sinos através dos pampas_______

São Mármaro invoca os trombones
e a bateria da Portela
pra despertar oceanos
e os peixes do colega Antônio_______

encarnam lua e sombras, caem cidades
das prateleiras do Céu.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Soneto-Estudo XII(Soneto, n. 198. Homilia de São Mármaro, para o dia de Corpus Christi. Pro Jeferson Nascimento)

Quando homens-Cornos fecham os olhos da Alma
os anjos batem em retirada_______
não há orvalhos nem fontes que Cheguem
pra matar a sede dos pianos.

Com tanto átomo desembestando na Bélgica 
não tem quem refaça o Reino das fadas,
o cavalano amarelo avança
com as bênçãos do grande Dragão.

Pois eles homens desvêem os minotauros 
trotando pelo céu no lugar dos pássaros??
Bem feito, quem mandou desligarem as cores
e desinventarem as Infâncias??

No tempo das pessoas-Aves tinha disso Não,
homem, leão, e cordeiro eram Irmãos.

Soneto-Estudo XI(Soneto, n. 197. Pro Guilherme Gonçalves)

No dia cinco de dezembro de 1791
o horizonte acima das cidades
se tornou Rubro. E o mar suspendeu os direitos
delas sereias por oito anos_______

enquanto isso na capital da Colônia 
o nosso Alferes aprisionado penseia
mais Nove Vidas, colher pássaros no peito,
quem sabe ainda soletrar as Nuvens.

O antigo clamor do homem-Só espanta
aquele rebanho de tubas à espera
do velho Ferges, enquanto sombras escalam
muros, e os dias batem a porta dos fundos________

ninguém moverá para Mim
a máquina do sonho e da noite.

Soneto-Estudo X(Soneto, n. 196)

À beira da sombra
lembro a noite em que nasceu meu pai,
onde cem pés de Otumãs
enxergam da varanda o horizonte.

Sererafins desposam lágrimas de barro
sobre o retrato do Velho
suspenso entre dois acordes,
e o sol de quase dezembro.

Os homens são pardacentos e chochos,
já não são crases, nem bêbados_______
esqueceram as estrelas
em cima das pautas de música.

Ó bússola de meu Exílio,
vejo meus netos me Derrancando a memória. 


domingo, 29 de maio de 2016

Valsizânia Roscófia(Versão soneto, n. 195. Para a querida amiga Alice Sant'Anna)

Rabisco este soneto absurdo
porque a vida é breve
e o instante é Ranheta, roncó de erínias
e todas as derrotas no último pênalti.

Não sou alegre nem triste,
nem bonifrate,
nem tango que Chegue
prum doce.

Fiz prova pra amanuense
e não passei dos Entrós: o médico responsável
achou arranha-céus no meu sótão
caindo em cascatas pelo céu Magunço_______

sou mesmo é Virinão cascabulho,
fabungo, sem prata, nem souzafones.



quinta-feira, 26 de maio de 2016

Incências(Versão Soneto, n. 194)

Quando nasci anjos Tortos
disseram Nada______ mas aceitaram
florices brejas incências da turma
que pintou lá em casa no Méier.

Os bondes já não tralhavam há muito
na vinte e quatro de maio, nerém não Mais
subiam pela dias da cruz
com sete pernas de ferro.

E no quintal lá de casa era a cerveja,
os baticuns da Portela nos açambarques
por Tudo, e o pessoal nem se dava
de suas vidas um dia mais Curtas_______

a mãe, de branco, mostrava prum mundo Cânho:
sóis nasceriam, árvores azuis por Cima.

domingo, 8 de maio de 2016

Soneto-Estudo, IX(Soneto, n. 193. Para Gabriela, e à memória dele William Blake. Também dedicado a Patrícia Vital)

William Blake me acorda para as grandes
navegações, enquanto o mar a meus pés
empoderêira-se de estromatólitos
que na verdade são Cantarências

de sóis crestando as últimas ladeiras,
e minhas unhas escondem algas vermelhas
atrás de cabeçorras de pedra
há muito alicerçadas na ilha de Páscoa.

As nuvens todas parecem brincalhar
de Cirandas enquanto escondem sete cabeças
trezentos chifres e todo o mais não-sei-quê
receituário pra Finalência dos tempos________

Jaquelirine sepulta era mais Linda
que os anjos, - foi seu Will Blakenfalô.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Soneto-Estudo, VIII(Soneto, nº 192. Para Maíra Ferreira)

Ofício no altar terrestre:
passa(tchunguitchungando) ele trem -
maria pare fumaça, alimentada
por um cabrunco, Fulozançô que nem

ela. Vamos banzando Ouro Preto,
em Tiradentes deixamos roseiras
dando-se as mãos. No céu as filhas da tarde
expedem trrrrovões como telegramas:

certeza de chuva despencarando por lá.
Candelabros se tocam no meio das nuvens,
tambores tomam todo o horizonte,
colcha azul Desmilingue_______

eu rezo: aguaranzéu seja Muito
à mode um Chamego pra Doroteia.

Soneto, n. 191. "Triristonho".

Quem sou? Segundo alguns,
sou barro, tirado à força
dos labirintos de Antífiles,
mouco desque nasceram as  primitivas

maracas. Pra mais alguns
sou rés-cabrúcio vestido em trajes
civis, erê sem Jança nem
braços(desque o dragão da Maldade

descatembrou Tancredo e Amarildo).
Mas sou no duro coches de vozes
ver pianolas sem roseirais e
manhícies, onde oboés Murcheceram_______

e mais Cinzário inexisto,
tão Desenredos, ijuís de sol Posto.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Soneto-Estudo, VII(Soneto, n. 190)

Entonces: desisdirei sabiás.
Nos horizontes vão Khomeinis, Irãs -
rés-minotauros sobre os cabelos das
árvores, boi Cajurú: xerém,

tão multi-espantosamente Jacinto.
Vida anda parindo espingardas
e as filhas da velha Engrácia
vendem seus corpos à sombra

das guilhotinas, na certezura
o restante de nossas magras
Sombrícies, onde hominídeos deslocam
mastins de pedra pela campina Deserta________

zés-Chifres plantam Fogueiras
por entre as rendas do céu. 

Soneto-Estudo VI(Soneto, n. 189. Pra Gabriela)

Manhã desdobra seus olhos Lôngiros,
Remelerentos. A última estrela
despe a camisa, boceja: hora de Antares
dormir o sono dos anjos,

que aliás enrolam de novo
as tábuas da lei de Murphy -
vivi pra ver mais um dia. Exulto,
com mil cintilações de roseirais

pan-Prânicos. As dez colunas do Tempo
de novo se abrem pra Mim,
egresso dos baixos fossos
e de eresgares Migrêncitos_______

à mesa dos pães dormidos vi cartas,
notícias que os peixes trazem de Ti. 

Soneto-Estudo, V(Soneto, n. 188. Pra Emanuela Helena)

Roseiras dando-se as mãos 
em jardins plantados sobre oceanos:
espelho que devolve imagens 
de alfabetos Ocultos desque arlequins

banzavam prélios na outra margem do
Nilo. A vida múltipla, ocânha
é manequim de cem pássaros
enquanto caem cidades das

prateleiras do céu. Guardo homens-gavetas
no último armário do sótão:
lembrei que fazem também  cem anos
que o filho pródigo despenteou as nuvens______

sou três mulheres nas Sombras
derecifrando os alfabetos Ocultos.


domingo, 1 de maio de 2016

Antífona Estranha, n. 1(versão Soneto, n. 187. Pro Santiago Perlingeiro)

Entonces:
de cálices-Pedra e mais serpentes de
bronze os Esperantos da terra.
Jubiabás andam longe: sou todas

as caravanas de Hagar em
rumo-Norte pro Egito. E não respiro,
nem Tebas. Cartago inteira
anda enfeitando Gramacho

e os hômi Côrno
nem se mutucam nem Vêem 
(é o sopro dele Dragão
nos mares do mundo Todo______

seu número: de homem,
e Tríplice. Pra sempre amém).

Antífona Estranha, n. 2(versão Soneto, n. 186. Pro Guilherme Gonçalves, e Augusto Guimarães Cavalcanti)

Depois foi o sexto anjo
jogando nos ares sua Taça,
plena das lágrimas 
e das chagas dos Santos______

eu vejo os homens como enormes Jequitibás
às tontas na imensidão dos campos,
onde trigais transfeitos em Pedra -
são cavalões Macilentos tudo que resta

de infâncias mortas nos olhos cercados
de muros, anoitecência mais Vasta
sobre terraços imunes à palavra Cor,
naus perdidas nas Társis, pra nunca Mais______

e mais seiscentos dias, a cantilena dos corvos
todo o Sacrário que desta vida se Leva.

sábado, 30 de abril de 2016

Soneto-Estudo, IV(Soneto n. 185)

Masgado em Nérias profícuas
sofro rés-Perestrêlos na cachola Doida,
coxo e bunfo me acordorendo
às dezesseis e cinquenta______

pouquíssimo antes do Gilberto Gil
esfaquear a pulcra e lôka Afrodite
ali no rush da Venda Central,
pós-avenida onde rosáceas e copos-de-leite

simplesmente Enxofrizaram-se
todas, de empós alguns generais
açambarcarem Jumências, cerzidas à mão 
por zé-pilintra Safardancanhotêncio______

eu disse a Jó - meu companheiro e Cumpadre -
que a Maravalha tava só nos Comêço.

Soneto-Estudo,III(Soneto, n. 184)

Sentado à beira do mundo, onde
antiuniversos afiam garras Tantálicas
no poxoréu do horizonte: desvejo estrelas
e terraços sobre andaraimes de

Esfíngices, porque de há-Muito
não se ouve banzo de flauta
no prédio menezes côrtes:
são perestrêndulos recém-cuspidos

dispois que o Anjo abriu o fundilho
do Abismo, e monstrerêncios -
os Quatro - saltaram fora,
os galos todos parem xerém parem Crime______

e dona Misemiséria anda às Tontas
se escangalhando em Rizências.

Soneto-Estudo, II(Soneto n. 183, para Catarina Rosa Muirin, e pra Gabriela)

Já não direi Passarinho.
Interrogando eles céus
que marcham sob o escabelo
de Apolo vi gaiolas em bronze

acochambrando futuros, que de paúra
corriam, enquanto ao léu Calibrino
a marra de minotauros ferozes
mandava às favas o busto da Esfinge_______

ao mesmo tempo em pradejantes Esferas
quinze meninas dançam,
nuas sem nem Saberem(meu lado esquerdo
anda plantando zebus)_______

interroguei eles céus:
já não direi Passarinho.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Soneto-Estudo(n. 182, para Danielle Ronald de Carvalho)

A manhã suspende flores no teu colo,
cantam flautas lá fora
embaixo de cortinas Azuis. Nasceste 
há poucos minutos,  após teriodontes

fecharem a porta dos tempos. Estavam lá, 
no marco dos horizontes os Primeiros Três 
desde então planejando a queda de Tróia.
Por causa dos peixes migradores todos falam

de ti: sonhos caem na cabeça do homem 
com todas as formas Acesas. Soletro as nuvens:
pássaros ajuntam conchas pra eu mais tarde
te dar, junto das primeiras estrelas______

céus e terras se abraçam
enquanto Juntos construímos Pirâmides.

Soneto, n. 181(Para Danielle Ronald de Carvalho)

O raio do sol à tarde
me fala de primaveras 
arvoriscentes, e vejo um céu 
de nuvens andando juntas

em bicicletas, meninada solta
num prado azúleo por Tudo.
Imaginências de ver um desses meninos
empinar o arco-íris como um papagaio______

depois os pássaros virão beber
neste sol da tarde, o velho Ferges
desloca a serra do mar com os olhos, 
enquanto ipês dão-se as Mãos:

deixa crescer a Semente
que Deus plantou na tu'alma.

sábado, 23 de abril de 2016

Soneto, n. 180(À memória dele Oscar Niemeyer. Para a amiga-poeta Nydia Bonetti)

Pranchetas
suam sanguês de concreto: rasgo de nuvem
chuviscando curvas, onde se tocam
o princípio e o fim______

quês de carnália a sugerir mulherio
e curvaranças até então nunca Vistas
no mundaréu masgaiado
em mesmerices caducas.

Na areia dela praia
Oscar rabisca futuros na Magiscência
do traço:
sombras levando corpos pela mão______  

e mais de pássaros, fontes e flautas, onde
fim e princípio movem juntos a Tarde.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Vinte e um barra quatro, com Istrambote incluído(Soneto, n. 179, à memória de Tancredo Neves. Para Gabriela)

A morte do Tancredo foi Isto:
pra riba de mim-Minino
um viramão de Tragédia
nos zóio e couro do povo.

Meu pai banzava fumaça
nas ventas maxacali
inquanto gritava "Ossanha!!" - pra vida
e pra televisão Indiferente _______

dava medo meu pai nessas horas,
inté o canhoto Incardido pensava bem
antes de chegar perto dele - assucedeu
num Tiradentes que nem de-Hoje______

mas o que vi ser desespero sem Volta:
aguançália nas Janelas de minha mãe. 

"ISTRAMBOTE"

Quando Tancredo morreu eu vi também 
um cabrunco magriço de cabeça branca dizer
que não ia chamá-lo "Excelência " naquele momento.
Minha mãe falou que ele era poeta.

Blonque boblonque(Soneto, n. 178. Pro Guilherme Gonçalves, e Yasmin Nigri)

U'a vez meus olhos entraram dentro
do livro Fazenda Modelo,
primeiro arroubo do Chico no terreirão
onde ele inda não cantara de galo.

O livro era de minha mãe, Professorosa
e sofrente como toda mulher de três cabeças -
com dois bacúrios, pra aleitarar e vestir.
Me alembro do ano, Oitenta______

primeiro níver do general Cavalo
na presidência dela república. 
Me alembro também 
porque o livro me ficou na cabeça______

todo mundo era boi, quando andavam faziam
blonque blonque boblonque - barulho mais Engraçado!! 

domingo, 17 de abril de 2016

PalavrejanDois(Soneto, nº 177, variação sobre o soneto anterior)

A torre odara do Tempo
era alabê de Narciso  -  montada que foi
no dorso de elefante Imenso,
cunhã de Mar em tangência______

exílio insone do bardo e seus flautins
magiciorontes no bojo delas Infâncias,
agora ipês-Descalcínios
chicoteados por setenta Bodes:

que as flores, mortas faz-Muito
vão desdizendo quizombas,
homens são bois de Pedra
de nem Prometeu dar Ajêito______

e nem tambem Padim Ciço
lá nos juazérios do Crato.



Palavrejando(Soneto, nº 176. Pro Hugo Stutz)

A torre odara do templo
fôra* alabê de narciso,
assim cunhã ziguizira:
mar inteiro em Tangência.

Alhambra após, tangida
por são Segovia, elixirama
e dez peneiras de 'panhar saci,
mais credincruzes rezados

com garrafões de Pingácia arrepanhada
goelerência Abaixo: rabisco
chamado à frente do calendário,
chuvisco-Ilê, mês de maio______

narciso em Des-alabê que nem que nem
joão gostoso nos fundéus da Lagoa**.

(*Acentuado propositalmente para evitar pronúncia diferente da pretendida por mim)
(**Ver "Poema tirado de uma notícia de jornal", de Manuel Bandeira)

sábado, 16 de abril de 2016

Primeira flagelação de São Mármaro(Soneto, n. 175. À memória de Mário de Sá-Carneiro, e para Catarina Rosa Muirin)

Nas fombras miguilintinas
onde elas cangas dos ventos produzem
mais Enforcados, sinto uns cochilos de Cova -
salmódias, ver incelênças mais Rente:

retalhos de rezas chãs sonorizadas por
lombrigões e defuntos, bocas sem Árvores,
botárcias que alta noite mombaçam vergas
mostrando todas as portas dos fundos

pra Mim que mais cangalho nos trens
rumando pra birkenaus e treblinkas,
mortalhas plenas de meus eus Roncolhos,
que jamais dormem nos sapés Jacintos_______

miguilintinas as fombras, onde mais Sinto
uns maus cochilos de meus sete palmos.

sábado, 9 de abril de 2016

Soneto, n. 174(Para Carolina Turboli, e pra minha irmã Débora Nascimento)

Poema dorme. Em mim - Dentrância -
estátua Inerte na pedra. Entonces
celacantícios sobem dos porões do oceano,
esterco novo a esporreirar-se na terra______

daí centauros revestidos em Êxtase,
meninodontes à volta do antigo Coreto
laralalando como se novamente
fosse ele abril de novecentos e vinte

de-Novo na gentarada: quando olhos plenos de Alma
vestiam pés ungidos com Asas
e os homens sentiam nos ombros
apenas o peso dos próprios ternos_____

poema: agora Encandesce, não mais dentrância:
estátua Nua dos cordéis da pedra.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Noite envolve...(Soneto, n. 173. Pra querida Sarah Valle, e pro Alexandre Guarnieri)

A nave antiga
parece uma ave Insubsistente
na tarde que a noite envolve.
Nave tardia - planeta acachapante 

em gotárdeas garras de ferro escancaradas 
nas bocas outrora amantes dos pássaros, 
e da palavra "música" - dialeto dos anjos,
ogãs-Cubistas do Eterno.

As velas juntas de tão frágeis naus
inda acreditam nos ternos que vestem
e no bafo dos automóveis 
acochambrando as artérias da Urbe_______

aves-Aquiles de maus calcanhares
morrentes à tarde que a noite Envolve.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Soneto, nº 172

Porque me Vi nos teus olhos, quando acordei,
foi mar Alto: anjos Murílios de cara redonda
zanzaram com mil zabumbas vestindo ipês
de todas as cores, saudando um girassolzão

deeeeste tamanho, que ele Van Gogh arranchou
no meio das árvores azuis do céu,
e fui Junto: mundéu me abriu cantarês
de sabiás em festerência Arlequínia______

pianos gigantes cavalgando centauros na cacunda
deste planeta-Navio, qual novo porto
de Sagres, de onde partem galeras 
armadas na direção do mar Alto_____

porque me Vi nos teus olhos, fui Junto,
quando acordei: portorões do Infinito.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Mar Tamanho(Soneto, nº 171. Para Laura Marília)

Flor negra me apareceu agora, descalça  -
no asfalto dos meus espinhos Cabeludos  -
e foram vagas de um mar Tamanho
mundivagante nas madrícias-Áfricas,

e aí toda candonga é bem um hímen a menos
na contramão da vida madra e padrasta:
meus caterés trazem bongôs e rabecas,
madureceram os Coretos.

Ela é tão flor de horizontes olhando os longes
do Mar... seu requebrô é tantra Magício
junto de anjinhos cubistas tocando belerofones,
e num repente me vem o sol por Ogã, ______

amanhecências de maternas Áfricas
me aguarejando os cacaréus, Refloridos.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Soneto, nº 170(Pro Luis Turiba, comemorando sua entrevista sobre a Bric-a-Brac, entrevista feita pelo Sergio Cohn. Pra Danielle Ronald de Carvalho)

Arpoador. Por do sol
maripousa nos olhos. Certeza:
passaram veja no céu, esse Azulzão
chega lá dentro da gente gasta.

Por um momento se esquecem
as sacanagens do cunha Monstrôncio
e os cinco mil quilômetros de costa,
gente encarna uns erês

e o rubroamarelo segue
no balancê com as gaivotas,
gosto de Infância, de cara então
pra vida mais Rara______

a vida , sem noves, foras...  -
nem Nada.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Festericência de Arlequinagens(Soneto, nº 169. Para a querida Carolina Turboli, e à Memória de Vincent Van Gogh)

Cachaça velha todo mundo tem uma  -
já dizia a pedra, no meio do caminho
entre o folhéu de Taioba e o copim
do buteco, passando pela caneca de flandres:

a Minha é escrever sonetos, chancelarados
pelo anelão do cardeal São Mármaro,
em cerimônia onde Arthur Bispo do Rosário
e Geraldão Viramundo serviram de coroinhas.

Deliro os meus sonetos ingleses
como Van Gogh escrevia nos varais do mundo
seus japeris-Girassóis: quizombeio Mesmo
o delirê da pedra-Mor de Itabira_______

cachaça velha, Malunga, carambolando 
festericência nos capraus da Infância.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Nublúrimo(Soneto, nº 168. Desentranhado a partir de original de Catarina Rosa Muirin. Dedicado a Catarina Rosa Muirin, e pra Gabriela)

Me diz: quem dos teus rostos que parte aos Mares,
agora que morte espera para ter minhas mãos  -
o rosto obeso em distâncias mais Desmentidas
e virgens sem olhos dançando à cabeceira da cama?

O vidro do coração partiu-se em górdias falenas
e tu'alma andou três círculos Atados
a boqueirões onde morríamos continuamente
e todas as vezes era Contigo, lonjura andária

plena de pássaros sedentos de águas
que nunca Fui(o bardo troncho que inda serei
agora cabe nos sete mares como uma vela
imprescindível aos galeões nas Tormentas)______

me diz: QUEM dos teus rostos que afinal parte,
vergado ancilho ao Peso de tantas Águas?

domingo, 24 de janeiro de 2016

Soneto dele São Mármaro(nº 167. Pro Guilherme Gonçalves)

São Jão Batista descadeirado de corpo
inda profere homilias
em cima da bandeja de prata:
céus e a terra Fumburam, dando-se os pés.

Por isso este poema, alheio a clâmides,
sinédrios e mais comícios no Anhangabaú.
Por isso a Luz bate na porta dos olhos
de todos esses fósseis que destrambelham

unânimes no rumo torto dos Quintos,
clamando a todos que ainda têm maçanetas
que abram prestos o portorão de suas almas,
pra Ele  -  o Cristo das gentes  -  armar Fuzarca______

brandindo espada e voz de sete Leões,
enquanto a morte vai parar no Estinfálio.

Descanto do rei Bozó(Soneto, nº 166. À memória de Mário de Andrade, com o pensamento em seu poema "Canto do mal de amor".Pra Emanuela Helena)

Ingés-tremoços de novecentas manhãs
engorduradas por sulfurosas Mortálias
são todo o palavrório escabeche que arrancareis
de meus dentes, empós o quase Naufrágio

testemunhado por frentistas em Botafogo,
quando alta a madrugada andava
e inda mais alto de calibrinas
eu viramundo me Desencontrava,

a carne triste de não ter Quentuço
no quarto Inútil que hoje mal carangueja
um valhacouto desesperançado
não mais dorsal tatuado em Porvires______

furando os ares Desvejo hímens:
em calmarias faz-se a colheita do Sal.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Estudo Novo(Soneto, nº 165. Para Ana Carolina Assis)

Todo esse mar que não mais Encontro
quando Me busco no espelho:
marchecas dos carnavais bororós
e que não voltam mais Nunca.

É tudo escuro os bronzes que inda vestimos,
sem madagásquio e sem Véus,
nós generais da meia-noite
andando pela Serra do Mar_______

e descaindo em condições Lamentáveis
pela janela do oitavo andar
até lá embaixo nas fuças da Tonelero,
perdendo Todas as impressões digitais______

agora somos cinquenta velhas saindo no tapa
por causa de um olho um dente e Betoneiros Sízifos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cantarolês(Soneto, nº 164. Pra Danielle Ronald de Carvalho)

Sobre esta pedra assentado contemplo
os Longes do mar, seus muros  -
folhas azuis num bamboleio lunário
desque foi-Tempo e os Três dançavam juntos

um kyrie pela futura Memória.
É dia, mas nuvens brincam de guardar o sol 
e eu penso Amarildos que não verão Sepultura,
enquanto árvores se vestem de luto.

Repasso as horas e a poesia em pânico:
uns quês de Quentuço me chegam mornos
dos teus altares, onde iberês cantarolam
todo o Encantário dos teus olhos de-Noite______

daronde a mesa do Hóspede
abraça os pássaros e o fim do Mundo.

Rodopio(Soneto, nº 163. Pra Gabriela)

Barrança(!)
de erês-Cutuba plurigigantes, pernaltas:
visagens
do catalão Birutê_______

manzanzam aqui pelo quarto,
sobem paredes, decretam vaga
a presidência da república: joelhos
viram geolhos, ali no Duro!

No valerão de Ouro Preto
rasteja o vulto do gênio:
Aleijadinho, nome Certíssimo
pra no Futuro julgar os vivos e os mortos______

barrança  -  eu disse no início  -  de erês-Cutuba
daqueeeele catalão Birutê.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Loukório(Soneto, nº 162. Ebó Porciúnculo nº 2, pra três trombones trompa e fagote. Pro Sergio Cohn, e pro Marcelo Reis de Mello)

Pra Unidão deste poema
ele vai durante a febre,
ele se mescla e se amealha,
e por vezes Catifundo se devassa______

mas seja Tudo pelo amor de Deus!!
O céu tão cheio de urubus à tarde
passeia a bunda gris sobre o jardim,
onde heras murtas e açucenas parlam:

- pedraças, saibros e argamassas Muitas
agora mandam na cabeça humana
e nos sovacos, testas, horizontes de Ontem
e de infâncias em catiras mais Escuras______

Ai! Galeras afundadas, bordaduras de Aços
(nem morrer direito se consegue mais!)!

Sonetilhança Tamanha(Soneto, nº 161. Ebó Porciúnculo nº 1, para três trombones, trompa e fagote. Pro Sergio Cohn, e pro Marcelo Reis de Mello)

Nessa Tamanha ver perovazdecaminha  -
de tez descalça e Medonha  -
e com todos os cinturões
postos do Avesso

é que apareço em vertigens
e cruzes-Maltas Roncolhas
de serraduras e erínias
de que ela vida Adornou-se______

são vacarezas Sepúlcrinas,
emires Rotos de amálgamas
em cores mores Infantes,
pelo contrário, um Dislate:

escadescente, Maiúsculo,
des-tremembé Sete Palmos!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Sonetim de Acordar(nº 160. Pra Danielle Ronald de Carvalho)

Tons de rubro anti-escalam a copa das árvores.
Alguém sopra as últimas estrelas.
Mais uma vez se adia o retorno do Cristo,
os Três vestem de Azul a manhã.

Pássaros sacodem ganzás
enquanto assobiam oboés. Pelo teu quarto
estátuas de pano bocejam, à espera
da luz dos teus olhos Negros.

Ao longe o mar se Esprameia
em trinta línguas do P
(enquanto sonhas com pés de vento e sacis):
demônios verdes caem duros, transfeitos em pedra______

nesta manhã reencontrarei os teus braços,
onde homem e mulher são UM.

Soneto Malungo(nº 159. Pra Danielle Ronald de Carvalho)

Era uma vez mundéu Grande, 
nascido às primas horas do Tempo,
pela boca dos Três. Houve tarde e manhã,
céu inteiro pra nuvens

andarem de bicicleta, e brincarem  -
se muito gordas de chuva  -
de orquestrarão de trombones. O velho Ferges matuta,
apascentando um rebanho de tubas.

Primeiros jardins banzavam dálias gigantes
sobre teu corpo adormecido.
Espelhos de larguíssimas águas formaram rostos,
todos com teus olhos negros de-Noite______

ó cintilação dele Hóspede
que brota pra julgar vivos e mortos!

Perégrinum(Versão soneto, nº 158. Para a amiga Gabriela Carvalhal)

Sob as portadas Imensas da grande catedral
me detenho, os sete Rostos armados
da mais sinceríssima Penitência. Eternidade me chama:
qualquer parede ali bafeja murtas de Séculos.

A praça da cidade é a mesma
de antes do tempo das Cruzadas, quando leões e cordeiros
desceram cataprúnzios a europa, todos querentes
dum embate com o dragão da maldade.

Mas hoje o tempo anda nublado e Vênteo,
os aldeões farejam em Mim cavernanças e
mais açoites Maduros, olhos de outono Pleno
em Várzeas que vida-Mara* plantou______

altares de xique-xiques, zabelês-Chorares
planaltos descarrilhados de Infâncias...
(*Mara: palavra hebraica, significa "amargura")

domingo, 10 de janeiro de 2016

Soneto Reminiscente(nº 157. À memória de Manuel Bandeira, com uma pitada de Mário de Andrade. Para Fatine Oliveira, e pra Gabriela)

"Je vois des anges!" - Exclama o coronel,
transportado, rolando escadaria abaixo mesmo
no meio do concerto de Schumann.
Um telefone atravessando a noitêra

engole as flores de Januário,
os bem-te-vis da Lindaura,
o concretismo dos Campos: deixando chocho o maxixe
do ilustre cabo Machado,

indo por Fim das nos merdéus da Lagoa:
quase atravanca o mergulho
do carumbé João Gostoso(depois que ele veio
lá do bar vinte de novembro)_______

foi bem assim Cataplum!,
bateu no fundo e Cabou.

Sobre mares, ventanças...(Versão soneto, nº 156. Pro Luis Turiba)

O mar natural da vida
é fogo: qualquer coisa meeenos
o lago do cisne branco
em noite de Luarada,

ele pulula de mussuês e más pandorgas
Ruins, feito pipoca ululante que mãe fazia
nos sabadários à tarde, tempo em que a gente achava
mundéu 'cabando no quintal de casa.

O mar da vida é que nem
desembestê de potro chucro no pasto
e outros miguilins do Capeta que vida Madrasta
às vezes faz a gente engolir______

onde trombones no céu são mequetrefes dragões
senhoras e senhores pondo os olhos grandes em Nós.



Erês de Exílio(Soneto, nº 155. Dedicado a: Emanuela Helena, Augusto Guimaraens Cavalcanti. E para Gabriela)

Entonces erês de Exílio, leito de mar
pluriencharcado em Poeira: são meus torés,
abacateiro Estrompado nos carnegões
dela Vida  - mara* mais Tantra...

Porto de Sagres que fui, hoje tropeço
ingés de Quase setembros, coretos Murchos
e mais Inás  -  distantes de mim, sem réstias
de sol nas laterais janelas...

EU: sem olhos num léu de gáveas Extintas,
outonescências de tempo-Foi e tantos,
tantos pássaros que vi morrer nos dentes
maus dele Exílio, mar Pretérito______

a torre de marfim fez-se Esqueleto,
o oceano apodreceu no próprio Leito.

(*Mara: palavra hebraica, significa "amargura")

sábado, 9 de janeiro de 2016

Nascimento da Poesia(Versão soneto, nº 154. Para Fabiana Conceição. E pro cabrunco Medeiros Claudio)

Mundo mal despertando
do sono da Nulitude.
Pianos recém-nascidos
andavam atrás de suas mães

nas primeiras planícies. O homem
era um jardim de estátuas de pedra.
A Virgem desceu do céu
trazendo as primeiras estrelas,

flor dos Tempos se Abriu.
Do grande tacho dos deuses vieram
vinte e seis brasas na mão dum tal Prometeu,
que pôs Incêndio nas bocarras graníticas_____

houve tarde e manhã nos olhos do Homem
abertos para o exercício do Mundo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Monstrurograma Samarco(Soneto, nº 153. Para a amiga Ana Lívia)

Manhã. Sol medroso aparece.
Uns capetões samarquícios descem ladeira_____
foi bruzundêra, foi Coisa, foi boi da cara
mais Preta a mancharar a terra d'Alphonsus.

Num tem tresande em choréus
nem bosterices de vela nas cabeceiras,
sol medroso aparece e nos ombros de Mariana
as procissões são desnovelos Inúteis:

que os homens-Cornos  - políticos Anti-malungos -
dinamitaram árvores de meus cantares,
fungurulhando contumazes monstrices
pra ver corar um frade de pedra______

samarcomonstrurograma que a gente engole
e nunca mais se acaba de Morrer.

(Imagem: Salvador Dalí  -  "O ovo da Cascavel")