quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Íris(Soneto, nº 152. À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Singro num mar de Outono  -
mastros quebrados, as mãos tão Longe:
que o mar é mais de pântano e várzeas,
e tristerências, maravalhas Cinzas.

Foi sonho de Íris morto a ouro e brasa
as Pérsias que vi fugirem pela janela
do quarto, junto das pedras Raras
um dia as Cores da minh'alma

infante, e bestiais foram os ebós Monstrurosos
quando ela vida apareceu mais Vida_____
olores-Pântano em noites órfãs de Lua,
último acorde ao se partirem os espelhos:

onde é metade de Mim
a casa Velha que inda insisto, e Visto.


Rodopiê de ano-bom(Versão soneto, nº 151. À memória de Mário de Sá-Carneiro)

Volteiam dentro de mim - em rodopios, novelos -
milagres sem pé nem cabeça, e sem patacas
de Troco: cortejos de garras, lanças
e maus cauins do Capeta.

Luares d'oiro já Eram, junto dos círios
decapitados quando esponsais não Cumpridos
fizeram a bela Marília emurchecer e depois
partir pra aléns sem Retorno_____

pra não falar nas cacundêras Quebradas
e sobradões sempre vestindo Incêndio
que me ficaram destes dez meses
mais dois:

esse ano Rúim malezento
que sai com o rabo entre as pernas.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Soneto, nº 150

Acordo. Tarde cai da janela mestra,
pelas grades do meu Cárcere.
Quadris de oito violoncelos
negacerejam em volta da lâmpada.

No meio da cama duas mãos:
pobrezinhas, jamaaaais subirão um altar
onde uma moça de branco esteja,
núpcias que virão Nunca.

Uma mão rela no braço da outra,
igrejas de cidades mortas, até encontrar
meu ombro Nenhum. lá fora um prequeté
dum capeta dispara um tango argentino_____

mostrando todo Lampão o dia,
que envelheceu sem Mim.

Soneto, nº 149(Estudo do claro se Escurecendo. Para corne-inglês e tantã. Pra Gabriela)

Plantei um pé de Sonhácias
na rua dos Cataventos.
Chamei ligeiro Mário Quintana,
que trouxe estrelas nos bolsos_____

quando Acordei fui olhar: lá no jardim
capetas Cinzas haviam posto grolós
na turma de amores-perfeitos,
depois foi mar sacudindo

sua pulseira de Mortos, enxós
de gáveas Extintas. Bateu saudade
das cantiguinhas do Villa, velha mandinga
pra espantar Casmurrice______

Tristeza isso de olhar pra cima
e ver o céu forrado de espadas.

Cadê?(Soneto, nº 148. Pro Heyk Pimenta)

"Todas as pessoas que eu conheço querem, ou vão querer
ser incendiárias."(Heyk Pimenta)

Nas cinco regiões deste planeta-Navio
cada vez mais encontro cemitérios no ar,
graças aos homens Cornos
com fogo Imenso no rabo______

pudera, as próprias árvores
carecem da proteção dos anjos,
enquanto o mar se espreguiça, não Vendo
que é o próximo a descer ladeira.

Cadê luar? Cadê Gabí na janela?
Cadê seresta pra chamar casório?
Cadê  - Meus Três - menos gente
querendo carta de incendiário????

enquanto isso o olho do Capiroto
anda Mandando no trânsito.

Soneto, nº 147

Depois do onze de setembro
e suas seiscentas explicações
não vi mais Nada nos seios de Jandira,
apesar dos anúncios luminosos______

o tempo desenrolara um novelo
deeeeste tamanho nas sarjetas da
avenida passos, o ar coalhou de tanto
barulho  - nenhum era passarim.

Dispois Perséfone subiu do Tártaro
achando que era Carmem Miranda, tentou
entrar à força na feijoada da Estácio,
o bode que deu nem te Conto_____

mandaram a cabrocha de volta, esperar  -
sentada - os clarinetes do Juízo Final.