segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Soneto, nº 146(Pro Augusto Guimaraens Cavalcanti, e pra Sarah Valle)

Onde oceanos definham
eu vi banzúrios de catinguda Secura,
e a morte colheu crianças
como geralda as roupas do varal.

O monumento aos mortos no Aterro
anda outra vez coberto de sangue:
os soldadércios da FEB
vão pra Itália morrer de novo.

Apesar disso o universo
marcha contra os relógios,
novo Quixote em rasgos sambas lundus
enquanto nasce o farfalhar das árvores____

de-Novo o sonho do minino
apascentando um minotauro Cambota.

Soneto, nº 145(À memória de meu avô Manoel Pedro)

A tarde é toda um banzo de Chuvas
movendo-se entre os galhos de minhas mãos.
No céu vão nuvens Sofrentes
pensando andor de Incelênça

pro meu avô que morreu na perna,
antes de morrer Todo. Mas hoje
drones decepam homens.
E depois vem no jornal:

é porque a morte de todo mundo
solapa a morte de cada Um,
a começar pela perna
que abandonou meu avô_____

a tarde é banzo Besta de Chuvas,
plurinegaças ladeirança Abaixo.


Soneto, nº 144(Pro Marcos Nascimento)

Os cavalanos da aurora
avançam pelas costas da noite:
espero braços azuis enormes
descerem a copa das árvores,

plantarem sóis nas retinas.
Antigos santos de pés feridos
são exumados em Roma, esqueletices
de novos Sonhos a galope.

Preciso presto saber em que porões
foram parar meus ipês
junto das meias cerzidas
por 'vó Ester nas barbas de Garanhuns_____

preciso banhos de enxada, e pós depois:
fogaréu nos cragoatás que me Emperram.

Soneto, nº 143(Para Sarah Valle, Querida)

Nascer é muito Comprido:
ainda não nos habituamos
a mover nuvens com olhares-Sonho,
a desenhar cirandas em si bemol

no país de todas as crianças,
onde não há nem prata nem ouro,
nem abutres rondando fígados,
e a tarde é sempre Manhã.

Mas em vez disso o mundo é Manhattan
sobre cavalos abatendo pianos,
o Tédio veste hugo boss alegrinho
sobre o boi-Morto dos tempos______

nascer é muito Comprido: destemperança
sem brisa de Velocípedes.

Soneto, nº 142

Num arremedo de mundo
uns tabaréus catifundos explodem pontes
e plantam abismos com os pés,
dizendo haver limites para o poema_____

são na verdade cascas de gente,
sumos de Não-Pessoas como os fariseus
no tempo do Cristo-homem:
estão na porta do Aprisco, não entram,

e nem permitem quizombárias Entranças
a quem tem fome e sede de Justiça.
Acreditam que só de pão vive o homem,
e que Prometeu mereceu o que teve_____

ou seja, num arremedo de mundo
ninguém mais sonha o mesmo sonho duas vezes.

Soneto, nº 141

À beira do antiuniverso debruçado
vi rostos de vários mundos
como serpentes-Pássaras nos braços-muros
da árvore mais Antiga, plantada

por Eles Três quando os começos de Tudo
eram figueiras estéreis carregadas de frutos,
os cóses sendo trançados na velha singer
da bisavó que impôs furdunço e gramática

onde eram trevas de trezentos anos
mais sete coronéis de Troco:
o reverbério foi coisa grande,
chegante lá nas ladeiranças de Olinda_____

à beira do antiuniverso debruçado
mais me enredam Fascinário e Enigma.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Soneto-Estudo sobre a Pauleira atual em Brasília(Soneto, nº 140. Pro Luis Turiba)

Os candorós em Brasília são fuzulêra
que mais parece piadismo Rúim_____
marzão besta de Lama, o cara do Peixe Vivo
tá dando Troço dentro da tumba.

Procura no Memorial:
periga a estátua do JK
já ter-se escafedido gritando
que a coisa há muito tá Ruça, nego.

Um tal de cunha anda na Câmara
querendo a burka nos vaginóis dela Pátria,
tendo moral daquelas mais Sacripantas,
pau de galinhêro, ali no Duro_____

mais caraça de piadismo Ruim(*),
más fuzulêras nos candorós de Brasília.

(* O segundo "Ruim" é diferente do primeiro, acentuado propositalmente)

domingo, 22 de novembro de 2015

Jitiranas Setêmbreas(Soneto, nº 139)

Primeiro foram forsais de Arrimo
trazendo por Tudo
um cheiro bom daqueles quebrantos de Chuva
quando aparece, mais a gente Precise_____

dispois foram galhadas Azuis
descendo a copa das árvores,
a sacudir seus braços num Espreguício
de rede armada na varanda:

manhãs Taludas, primaveris
num fuzuê de jitiranas Setêmbreas
dançando por tudo em Roda
a vida próxima, Rente______

fui todo um barco me perdendo Alegrinho
no porto-Bom dos teus olhares de-Noite.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Cantiga Malunga Iarací(Versão soneto, nº 138)

Era uma vez mundéu Grande,
nascido nas primeiras horas do Tempo,
graças à palavra dos Três.
Houve tarde e manhã

e um céu Inteiro pras nuvens
a  a  a  a  a  a  a  n  d  a  a  a  a   r  e  e  m  de  bicicleta,
e brincarem, se muito gordas de chuva
de orquestra de trombones.

Os primeiros jardins banzavam dálias gigantes
sobre tua cabeça adormecida.
O espelho das largas águas deserenhou
versões em sânscrito de teus nove rostos.

Ó cintilação matutina
dos meus cantares Insatisfeitos!