sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Soneto de Finados(À memória de Mário de Andrade, soneto nº 136. Pra Gabriela. Pro Francisco K. Saraiva)

Paz a Mário de Andrade no seu osso  -
o Sono livre de sacis e erínias  -
xeréns malungos e tranchãs(*) Florícies,
essa a prece que lhe trago hoje,

‘pós a missa de finados que mandei
rezar, na igreja aqui da geremário
dantas, com direito a solos cósmicos
de trezentos e cinquenta fagotes:

até que os Três extraiam do mundo
a colcha do último crepúsculo
tu darás de comer às roseiras e
de Sonhar a nós, mortais cabrunquícios_____

teu Sono  -  livre de sacis e erínias,
siga em Paz, Mário de Andrade, Amigo.

(*)Tranchãs: palavra usada por minha mãe, quando queria dizer
que algo estava perfeito, e também alguém bem vestido. Imagem de Di Cavalcanti, "Carnaval".

As duas espadas(versão Soneto, nº 135. Pra amiga Fernanda Apolinário)

Manhã seis horas.
Entonces
pra mode hoje
desjejuária matina:

à mesa parco binômio
(pra franciscano por defeito
Nenhum), banana-prata
e maçã____

“Então lhe disseram:
Senhor, eis aqui
duas
espadas.

Respondeu-lhes:
basta.”

“Torrente” – (versão Soneto, nº 134. Pra Sarah)

Consideradas as circunstÔncias
todo cavalo de tróia é Justificlópideclópide.
Apúfise de mar é meio-côco
dançado na feira de Caruaru.

Considerada a baia
qualquer rocim pode ser puro-sangue
na rua dos cinquenta ornitorrincos,
vestidos de pinguim-rei.

E de minha varanda erijo torres
em cujo cimo veja o largo da Taquara,
a pleno-côco, inteira mão-Apúfise,
no trilho-apronto que deságua na Urca____

maculelê cantado
ao fim de todas as tróias.

(Imagem: Archeologica-Reminiscense-of-Millet's-Agelus, Salvador Dalí)

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Soneto, nº 133(Pra Sarah)

"O mundo precisa de sonhos.
  Os sonhos precisam de Mim."(Adiron Marcos)

O poeta futuro sou eu  -  me diziam

todos os velocípedes.
E bem há quase dez anos
faço as pedras Falarem.

O aprendizado foi duro, fui perseguido

até pelos gigantes da Guatemala
(anjos tiravam folga, andavam pelados
na praia, medindo os seios das cabrochas).

Mas tive a noite a me abrir as asas,

dancei maxixes azuis,
ebós-guris bem treinados
em aparar tempestades______

semeio línguas do p

montando cem pés de Vento.

(Imagem: "Maturação", de Diego Rivera)

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Soneto, nº 132

Terra brasilis sem ponto
de erê que Chegue pra missa:
fatura mara(*)candonga em cós de
mumicabraque_____

o mais horrendo em Mortícies

e maus retrós de amaralinas defuntas,
sujeira Adulta a masgarar quase tudo
lá no senado Roncôlho(*)

e vezeirão de só parir roubalheira

desque faz-Muito nos sertões da história,
a sacanagem(parece) trazida a pluri-mãos cheias
nas caravelas do monte Pascoal_____

terra brasilis(de Fato) mais Deserês

que Cheguem pra uma missa magra.

(*)Mara: palavra hebraica, significa "amarga"

(*)Roncôlho: gíria baiana, depreciativa, significa um sujeito
que nasceu com um ovo só no saco

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Soneto, nº 131(Desentranhado a partir de original de Sarah Valle. Pra ela)

Quero me Ir, além das bordas.
Turvar na queda as águas do Espelho,
partindo a linha do horizonte:
com sete clavas Precisas.

Os mares todos se movem, 

chacoalham seu feixe de mortos,
gáveas de galeras Extintas,
lugar pra se ouvir histórias

de mantos com rostos Úteros e encantamentos

escritos no idioma dos anjos, Floridões
de infâncias grávidas de nossas próximas mortes,
ainda assim o Longe que meus pés Avoam_____

porque me quero bem , além de beiras e bordas

onde na queda turve as águas do Espelho.

domingo, 9 de agosto de 2015

Soneto, nº 130(Para Sarah Valle)

Então você desaçambarca o meu céu
cortando a rota de fuga das estrelas.
E o mesmo céu não mais anda,
despido de pernas até o Talo da

Bacia das Almas, abaeté de Escurências

e mais flautins caindo do firmamento
junto àquele terço dos astros  -  os que vestiram de enxofre
os quatro cantos do Mundo.

Ainda assim vejo flores sobre teus ombros

quando adormeces(pendida a máquina do braço):
vejo os tritões das fontes de Roma em quizombárias Festanças
e sabiás zinindo oboés pelos ipês do meu bairro______

isso apesar do Não-céu das cinzinalhas que visto,

porque transformo a saudade em jacis-marfins de Acalanto.