quinta-feira, 30 de abril de 2015

Soneto, nº 129 (Pro cabrunco Xandu dos Ratos)

Mundo candongo Corno este
onde homens andam sem asas
desde o começo dos tempos,
órfãos dos Três por Malazártea vontade.

Espero um capeta bem Prequeté
destrancarar os portorões do Abismo,
quando avenidas despencarão pelos olhos
de quase todos, e as fábricas rangerem dentes

mastigarando as últimas árvores,
e tudo em roda não mais sentir
as Insistências da aurora, transfeita
em noite de bumerangues-Morcegos_____

então se verá novamente o Cristo Vivo,
saudando o Fim do mundo corno Candongo.

domingo, 12 de abril de 2015

Açougue Ceuta, 1920 (Ou recordança de um Rio de Janeiro beeeem mais Partido. Soneto, nº 128)

À porta do açougue Ceuta, mem de sá 38.
Acém tá caro, e roncôlho.*
E, mesmo bão, Mi-rim-bi-co*____
pra a maior parte das bocas.

Falar no mosqueiro é fácil,
são tantas e Zunzurantes
que a gente lembra o ditado:
fecha a matraca, Senããão...

Dispois mais tarde cresce a noite por Tudo.
Açogue fecha, o português
leva os bigodes, as chaves.
Leva um tanto das moscas.

A carne fica lá dentro, num Lonjurê Cafajeste
da maior parte das bocas.

(Mirimbico: mais do que impossível, segundo São Mármaro)
(Roncôlho: gíria baiana, depreciativa, significa um sujeito que nasceu com um ovo só
no saco)

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Soneto, nº 127

Sou todo um espaço de Várzeas
onde elas flores murcharam,
zimbórios Desmacanudos
carapitando nas cacundas-Alma.

Que eu: erê-Passarim
anoiteci pros abracéus das cores
desque meu pai mandou meus braços
cagalharem nos Quintos, mercê de coice

e porrada, mais Amedrôncios
de troco. Dispois das asas cortadas
num teve mandinga nem rosa
que desse jeito no Cinzéu restante_____

onde elas flores Murcharam
restaram várzeas nas cacundas-Alma.
(Imagem: La natureza herida, Manuel González Serrano)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Estudo à mó de Caronte (Soneto, nº 126. Pros cabruncos Hugo Stutz e Ullisses Areias)

Entonces: conforme a dança da vida
se descaralha em ferrolhos e
cinzalhêras Morrentes, foz deságua no são jão
batista, ponto final de nóis-Tudo.

Isso vem desque Eles Três
chegaram rente do primeiro Adão
mostrando a porta dos fundos:
armada de capa e foice.

E desde entonces foi Coisa,
cragoatás no fiofó de nóis-Tudo,
rinchavelhos* das mortes
sem poxoréus de Saída porque

mais hoje mais amanhã: cabrunguê Desmilingue,
bate-coxa pirambêra Abaixo.
(*rinchavelho: risada enfisêmica de homens velhos,
segundo Monteiro Lobato. Imagem: Criança Morta, de Portinari, 1944)